abr 082014
 

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Difundimos a mensagem de denúncia dos atentados e ameaças que companheiros e companheiras da Federación de Organizaciones de Base (FOB) de Rosário têm sofrido por parte do crime organizado articulado com membros do Estado.

Há praticamente dois anos a militância da FOB vem recebendo ameaças de vários tipos por fortalecerem um processo de luta popular constituída desde a base, independentemente do Estado, de partidos políticos, e de perspectiva transformadora. Nas últimas semanas essas ameaças têm se intensificado e adquirido maior materialidade.

Denunciamos a ação do crime organizado local, que atua conjuntamente com membros do Estado argentino, na tentativa de frear as lutas dos movimentos populares combativos do país.

Enviamos desde nossa região os mais fortes votos de solidariedade e apoio. Estamos atentos a qualquer coisa que ocorra a nossos companheiros e companheiras! A solidariedade é mais que palavra escrita! Arriba l@s que luchan!

Coordenação Anarquista Brasileira (CAB)

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Nota original: http://www.anarkismo.net/article/26876
Tradução: FARJ

 

 

Atentado e ameaça contra militantes sociais da FOB em Rosario, Santa Fe
FOB Rosario

No domingo de 23 de março, perto das 18h, a militante social da Federação de Organizações de Base (FOB), Iris Velásquez, sofreu um atentado na porta de sua casa, quando viu que sua moto havia sito totalmente incendiada. Ela já havia recebido uma ligação para ameaçá-la e advertindo-a do atentado. Minutos mais tarde as mesmas pessoas que realizaram esta ação ligam para o companheiro Emilio Crisi para ameaçá-lo de morte e adverti-lo que ele seria a próxima vítima.

Nestes últimos anos temos visto os ataques de quadrilhas de narcotraficantes que fuzilaram 3 militantes do Movimento 26 de Junho em Villa Moreno, os companheiros Jere, Mono y Patom. Mesmo assim tivemos que padecer pelo assassinato de Mercedes “Mecha” Delgado no bairro Ludueña, pelas mãos de quadrilhas da região. Nossa organização não está, nem esteve, isenta do alcance da ação destas quadrilhas mafiosas que há anos oprimem moradores e fuzilam jovens que se envolvem com o crime diante da falta de futuro e trabalho dignos, algo que o Estado, em seus diferentes níveis, deixou de fazer, e em alguns casos foi cúmplice, como se tem notícia recentemente.

Novamente e de maneira lamentável temos que levar a público uma série de ações que tentam ameaçar e debilitar nossa vontade e espírito militante, aquilo que nos impulsiona a querer mudar o mundo e buscar uma sociedade sem opressores nem oprimidos. Há vários anos temos recebido recados destas quadrilhas mafiosas para que deixemos de fazer a construção social que temos realizado nesta localidade, assim como em outras regiões do país. O objetivo é nos amedrontar e nos fazer abandonar os lugares em cada bairro onde temos realizado numerosas atividades comunitárias, projetos de cooperativas de trabalho, hortas, oficinas de diferentes ofícios, escolhinhas libertárias, espaços de mulheres, entre outros. Cabe esclarecer que sofremos esta perseguição política destes setores do poder em grande parte por estarmos organizados de forma independente, com nosso próprio fôlego, desde a base e por fora do Estado. É evidente que o trabalho de formação, inclusão e prática social transformadora incomoda a estes setores do poder, tanto os institucionais quanto os narco-mafiosos. Concluindo, temos que tornar público à sociedade e aos meios de comunicação que há mais de dois anos não apenas temos recebido, sistematicamente, chamadas telefônicas com ameaças de morte, mensagens de texto e mensagens de voz ameaçadoras, como também no domingo de 23 de março – a um dia de nossa organização sair às ruas para protestar contra o terrorismo de estado da ditadura e impunidade de ontem e hoje – a companheira Isis Velazquez sofreu um atentado na porta de sua residência, onde incendiaram completamente sua moto e fizeram uma ligação telefônica para avisarem de que fariam tal coisa e ameaçá-la com mais ações contra a organização. Minutos depois do atentado e da ligação, esta quadrilha mafiosa realizou uma segunda ligação para o companheiro Emílio Crisi para lhe avisar que seria o próximo a receber um futuro atentado.

Nossa federação decidiu ir às ruas por meio da ação direta, única forma que temos os de baixo para conseguir aquilo que é deliberado em assembléias, com a finalidade de buscarmos justiça e solidariedade de classe de outras organizações diante destes acontecimentos. Sabemos que as quadrilhas de narcotraficantes não estão sós, são compostas também pelas instituições policiais e são protegidas por juízes, advogados, fiscais, políticos, empresários e redes de conivência com o Estado.

Não nos amedrontaremos pelas ameaças e pelo atentado, não ficaremos de braços cruzados quando estamos vivendo a inflação, o desemprego, a injustiça social, a judicialização dos protestos sociais… e agora os atentados e a perseguição política por parte das máfias organizadas que tem entre seus inimigos os movimentos sociais autônomos.

Nesse sentido fazemos pública a convocatória de um ato em solidariedade às organizações sociais, políticas, de categorias de trabalhadores e de Direitos Humanos em repúdio ao atentado, a ser realizada na Plaza San Martin (Santa Fe y Dorrego) em frente ao prédio do governo do Estado, terça, 8 de abril, 10h.

Fazemos um chamado à solidariedade e ao apoio para o esclarecimento deste ato de violência social protagonizada por setores do poder que não querem essa sociedade nova que queremos e estamos construindo dia a dia sem opressores nem oprimidos, sem exploradores nem explorados, sem ninguém que mande nem obedeça, definitivamente uma sociedade livre. Arriba lxs que luchan!!!

O que é a FOB? Como diz nossa sigla, é uma Federação de Organizações de moradores desempregados e que lutamos junto com os de baixo, da Base. Buscamos um mundo mais justo onde haja possibilidades para todos e todas. Para isso nos organizamos SEM aqueles que querem centralizar e se aproveitar das lutas NEM chefes, NEM DEPENDÊNCIA de nenhum partido político nem governo algum.

Nossa luta é para alcançar a dignidade humana sem que ninguém seja privilegiado em prejuízo dos demais. Nossa luta não quer pessoas que mandem e pessoas que obedeçam, mas pessoas que participem de igual para igual. Nossa luta é por liberdade!