dez 262022
 

A Organização Resistência Libertária foi fundada em dezembro de 2008 a partir das experiências de lutas de anarquistas em solo cearense desde o final do século passado. Nosso manifesto de criação anunciava a esperança da construção de uma sociedade fundada em outras bases que não as atuais e, desde então, dia após dia nos dedicamos a enraizar essa semente anarquista através da organização política e da construção de movimentos sociais no Ceará.

Os nossos 14 anos de luta representam modestamente a nossa resistência contra toda opressão e domínio do capitalismo e do estado policial de ajuste, construindo desde baixo a resistência de um povo que conhece o rosto da fome e da luta. A Organização Resistência Libertária esteve, durante esses 14 anos, nos bairros e favelas da capital e cidades região norte do Ceará, nos territórios de povos tradicionais do semiárido à zona costeira, nas escolas e universidades precarizadas, nos sindicatos e nas organizações de trabalhadores(as) terceirizados(as) e desempregados(as), no cárcere, nos espaços autoorganizados de mulheres, povo preto e população lgbtqi+.

Completamos 14 anos diante de uma conjuntura avassaladora: o avanço do fascismo brasileiro que aliado ao neoliberalismo levou nosso povo a condições de vidas cada vez mais difíceis, depois de a pandemia ter aprofundado as desigualdades sociais que sempre existiram. Não temos dúvidas que esta etapa de luta ainda não acabou. Um governo de esquerda a nível nacional e estadual alicerçados em alianças de classes e na barganha de nossos direitos a portas fechadas não garantirão ao nosso povo vida digna.

Nos próximos anos o neodesenvolvimentismo do estado extrativista tentará leiloar nossas terras e águas para o grande capital estrangeiro através da mineração de urânio em territórios dos povos e comunidades tradicionais do semiárido e da implantação de eólicas dentro do mar dos povos da zona costeira. O governo eleito no Ceará dá seguimento ao governo anterior e sua política racista de repressão violenta e morte na periferia e no cárcere. A especulação nas cidades continuará expulsando comunidades, aldeamentos e quilombos para ceder espaço aos projetos de grandes imobiliárias. Por isso, reafirmamos nosso compromisso de permanecer em luta nas ruas e nos nossos locais de moradia, estudo e trabalho com independência de classe para construir movimentos fortes. 

Nesse momento de celebração reafirmamos nosso compromisso com o anarquismo organizado e especifista construído pela Coordenação Anarquista Brasileira, da qual fazemos parte, e o seu compromisso com o federalismo especifista, em nossa opinião a própria engrenagem de um projeto anarquista para este país que o colonizador chamou de Brasil, atravessado pelas formações sociais, históricas e étnico-raciais dos diversos povos que aqui vivem.

Lutar, criar, poder popular!

Viva a Organização Resistência Libertária!

Viva a Coordenação Anarquista Brasileira!

maio 272018
 

Nós, da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB), nos solidarizamos e apoiamos a luta dos caminhoneiros e caminhoneiras que desde a segunda-feira, 21 de maio, estão em greve em diversos locais do país, realizando trancamentos de rodovias federais, estaduais e manifestações de rua.

Os diversos interesses em jogo nessa luta, a tentativa por parte do empresariado de tentar capturar a pauta dos trabalhadores e agenciá-la a seu favor, não pode ofuscar a justa luta da categoria e obstruir a solidariedade de classe. É necessário que os trabalhadores e trabalhadoras pressionem seus sindicatos para se manifestar ativamente em solidariedade à luta dos caminhoneiros e contra a política de preços da Petrobrás, criada pelo tucano Pedro Parente sob encomenda do Governo Temer. Uma política subordinada à agiotagem do sistema financeiro internacional, que faz com que a Petrobrás não trabalhe visando os interesses do povo, mas a serviço de especuladores e empresas internacionais, praticando preços que não são aplicados em nenhum país produtor de petróleo. Essa política de preços impacta toda a classe trabalhadora, pois sua consequência é o aumento do custo de vida para todos nós. A mão invisível do mercado bem sabe onde fica o bolso do trabalhador, assim como sabe se usar do cassetete e armas para reprimir quando nos colocamos de pé para lutar contra os ajustes e as políticas anti-povo dos governos que só defendem seus interesses.

A categoria dos caminhoneiro/as segue pressionando o Governo Federal para que atenda as reivindicações contidas no documento protocolado (http://www.unicam.org.br/paralisacao-do-setor-e-decorrente-de-descaso-do-governo/) dia 16 de maio, em Brasília, e entregue a todos os ministérios competentes.

No documento, a categoria exige melhores condições de trabalho e o cumprimento de acordos feitos anteriormente, como a criação de pontos de paradas de descanso nas rodovias, isenção de impostos para caminhoneiros autônomos, vale-pedágio, entre outras. Duas pautas são centrais: a redução no preço do óleo diesel e a isenção do pagamento de eixo de suspensão no pedágio para os caminhõess vazios.

Diante da forte mobilização, o governo fez o que bem sabe fazer quando é colocado em xeque. Chamou uma mesa de negociação com “representantes” que não falam em nome do movimento e fez um simulacro de acordo para legitimar a repressão militar daqueles que chamou de “pequena minoria”. Fato é que, após o suposto acordo do governo com os “representantes” da categoria, os bloqueios nas estradas aumentaram e manifestações espontâneas em solidariedade aos caminhoneiros e contra o governo Temer começaram a surgir por todo o país.

As centrais sindicais CUT, CTB, UGT, Força Sindical, CSB, NCST, diante da truculência do governo em convocar as Forças Armadas para arrancar os caminhoneiros de seus locais de trabalho, as estradas, se colocaram de joelhos diante do governo Temer para mediar um acordo com os caminhoneiros, ao invés de convocar uma mobilização que prepare a Greve Geral. Nada podemos esperar dessas centrais que pensam suas ações sob a sombra das urnas. Fazer política confiando no pleno funcionamento das instituições é não compreender que, em um Estado Policial de Ajuste, talvez ao fim do ano não exista uma urna aguardando o voto, mas sim o cano frio de um fuzil militar para reprimir a luta do povo.

Por isso, não vemos soluções mágicas, nem pela via eleitoral nem pela violência institucional de outra ditadura militar. Somente com a solidariedade e união entre os setores da população é que o povo vai conseguir resistir à ganância dos poderosos e exploradores nacionais e internacionais. A força do povo organizado, construindo o Poder Popular, que pode trazer alternativas a toda esta sangria do mercado financeiro e dos especuladores internacionais contra nós. Aqueles que apostam as fichas nas ilusões eleitorais ou saídas autoritárias ignoram que é na luta popular direta que podemos acumular e defender direitos sociais.

É fundamental que reforcemos os laços de solidariedade entre as categorias sindicais e populares para construir o germe de uma greve geral, que coloque o governo na parede e retome nossos direitos sociais perdidos.

TODO APOIO À LUTA DO/AS CAMINHONEIRO/AS!
POR UMA PETROBRÁS QUE NÃO SEJA SUBORDINADA AO MERCADO FINANCEIRO!
CONTRA A REPRESSÃO DAS FORÇAS ARMADAS/MILITARES E AS SAÍDAS SOLUÇÕES AUTORITÁRIAS!
CONTRA OS ATAQUES DO GOVERNO AOS DIREITOS DA CLASSE TRABALHADORA!

 

26 de maio de 2018

Coordenação Anarquista Brasileira

mar 062018
 

Dia 06/03 as 18h 30min na sala 20 da Faculdade de Direito UFC daremos inicio a nossa III Jornada de Mulheres Anarquistas.

A atividade será em Fortaleza onde faremos uma análise de conjuntura dos avanços do Governo Temer sobre nossos direitos através das Reformas Trabalhista e da Previdência, bem como com a PEC do fim do mundo.

Conversaremos sobre como esses avanços atingem a vida das mulheres da cidade, no trabalho formal e informal ou desempregadas. Além disso, faremos a discussão de como a dupla jornada de trabalho enfrentada por nós mulheres e tripla por nós mulheres militantes contribui para precarizar nossas vidas através da concentração do trabalho doméstico, estrutura fundamental de uma sociedade capitalista e
patriarcal.

Essa atividade será mista

 

fev 202018
 

* Postagem direta do site da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB)

Na última sexta-feira (16) o governo de Michel Temer (MDB) lançou um decreto que colocou a área da segurança pública do Estado do RJ sob o comando do exército brasileiro na figura de seu general Walter Braga Neto. Uma intervenção federal apresentada como solução ao que as elites dominantes chamam de “crise” na segurança pública e que deve ser entendida como um desdobramento do governo de choque já aplicado ao estado.

Não é a primeira vez que o exército atua no RJ. As intervenções militares em comunidades e favelas cariocas são uma realidade. Contudo, a novidade está na centralização de comando de toda a segurança pública nas mãos de um comando militar. Se o expediente militar no controle social e na repressão dos oprimidos foi utilizado inclusive nos governos petistas, um novo passo foi dado.

Com isso o Estado desvia a atenção da população da discussão da reforma da previdência para a questão da segurança pública, e com a criação do Ministério de Segurança Pública, talvez obter maior apoio de setores reacionários da sociedade que urgem pela intervenção militar. Não será com tanques e soldados militares atuando como polícia que um problema  de ordem estrutural do sistema capitalista vai ser resolvido, pelo contrário, isso tende somente a agravar a situação da (in)segurança pública no RJ e manter as comunidades cariocas, onde está o povo preto e pobre, mais que nunca, militarizadas e controladas pelo Estado.

Mas esse passo aprofundará o caos social que vem junto às desigualdades sociais criadas pelo sistema de dominação capitalista. Sistema que na atual etapa exige a retirada de direitos, o colapso dos serviços públicos e sua privatização e que oferece como contrapartida botas, fuzis e capacetes. No curto prazo, este sistema quer fazer passar a todo custo a reforma da previdência que na prática acaba com a aposentadoria dos e das trabalhadoras.

Em síntese, ao lado das políticas de ajuste fiscal e de retirada de direitos, desde os governos petistas com a Lei Anti Drogas, Lei das Organizações Criminosas e por final a Lei Anti Terrorismo, vemos a escalada de um Estado Policial que intensifica a faceta repressiva do sistema contra a população negra, contra a pobreza e contra as lutas sociais sob a desculpa de guerra às drogas e ao crime.

Nós da Coordenação Anarquista Brasileira repudiamos a intervenção federal no RJ e dizemos:

Nem Exército, nem Reforma!

jan 292018
 

Dia 29 de Janeiro

Dia Nacional da Visibilidade Travesti e Transexuais

Mãos dadas e punhos cerrados contra a transfobia!

Uma pessoa transexual é aquela que se identifica com o gênero diferente daquele atribuído de acordo com as cisnorma social e biológica. É nos ensinado que nosso gênero está diretamente ligado ao nosso sexo biológico, mas isso não é verdade. Vivemos um processo de socialização heteronormativo e cisgênero que nos direciona a uma única possibilidade de identidade de gênero e orientação sexual. Quando rompemos esses direcionamentos normativos, somos marginalizados/as e patologizados/as.

O Brasil lidera o ranking de País que mais mata travestis e transexuais no mundo. Segundo dados publicados, em novembro de 2016, pela ONG Transgender Europe (TGEu), nos últimos oito anos foram registradas 868 mortes de Travestis e Transexuais no Brasil. Em julho de 2017 a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) divulgou o mapa de assassinato de pessoas Transexuais no Brasil entre o período de janeiro a julho de 2017, contabilizando 91 mortes, dentre estas está a da travesti Lili assassinada a tiros em Cachoeira (Bahia) e de Carla que foi espancada e esfaqueada em Maceió (Alagoas). O Ceará, vergonhosamente, lidera o ranking com o registro de 11 mortes, entre as quais está o caso de Dandara dos Santos, assassinada brutalmente no dia 15 de fevereiro de 2017.

Todos esses dados são consequência da Transfobia, que é o preconceito, o ódio e a violência praticada contra pessoas travestis e transexuais. Inúmeras são as práticas de transfobia, dentre elas destacam-se a violência psicológica, a discriminação, a violência física, o assassinato e o feminicídio que fizeram vítima no Ceará também a travesti Hérica Izidório, agredida, espancada e jogada no viaduto quando andava na rua. A expectativa de vida da população Transexual é de 35 anos, ou seja, metade da expectativa do resto da população. Quando a transfobia encontra com o patriarcado e a supremacia branca, a violência ganha seus contornos mais cruéis. Além de sofrerem com a transfobia, mulheres trans e negras sofrem com o machismo e racismo estruturais em nossa sociedade.

Inúmeras são as pessoas travestis e transexuais que são expulsas de seus lares, da escola, da Universidade, do mercado de trabalho e inclusive de espaços feministas cisgeneros por causa da transfobia. Nós, as Organizações que assinamos esta nota, consideramos as mulheres Transexuais como companheiras feministas na luta contra todas as formas de opressões de gênero. Diante desse quadro, não é surpresa verificar que, de acordo com a ONG National Gay and Lesbian Task Force, 41% das pessoas trans já tentaram suicídio. Outra pesquisa da Universidade de Columbia nos Estados informa que o índice de suicídio entre LGBT é 5 vezes mais frequente do que a média populacional. A travesti cearense Kyara Barbosa não conseguiu escapar desse destino, cometendo suicídio por causa da transfobia e da depressão.

Infelizmente, também podemos citar diversos casos de transfobia no âmbito educacional, devido ao caráter socialmente proibido que a discussão de identidade de gênero e orientação sexual tem para família e professores, agora impedidos em alguns municípios de tratar sobre o assunto por causa dos projetos de lei genericamente chamados de “Escola Sem Partido”.

Vários fatores colaboram para essa lacuna educacional, dentre eles destacamos a ignorância no assunto, falta de investimento na formação de professores (que não sabem como inserir essa discussão em sala de aula), o fato de muitas pessoas relacionarem esse tema com ideologização política, o moralismo religioso e a antiga tradição psiquiátrica que patologizava a diversidade de gêneros e diversosexualidade. Esses e muitos outros elementos sociais contribuem para o preconceito e a redução da pedagogia sexual na escola ao mero discurso da proteção e prevenção.

Avanços e retrocessos se revezam com o passar dos anos. Em 2016, no âmbito federal, o Decreto nº 8.727 normatizou o uso do nome social por órgãos e entidades da administração pública federal. Nome social é o nome pelo qual pessoas transexuais e travestis preferem ser chamadas em seu dia-a-dia, em contraste com o nome oficialmente registrado que não reflete sua identidade de gênero. Em muitas escolas, campanhas pela adoção do nome social também já obtiveram sucesso e professores usam esse recurso em chamadas e documentos escolares. Porém, ainda casos de transfobia ocorrem, como o da menina Lara de 13 anos que sofreu discriminação pela Escola SESC, no Ceará, quando adotou o nome social.

O Processo Transexualizador, que inclui a medicação e a cirurgia de resignação sexual é realizado pelo SUS desde 2008 (portaria GM/MS nº 1.707, de 18 de agosto de 2008) para a população transexual. O SUS também oferta procedimentos como: histerectomia (retirada de útero e ovários), mastectomia (retirada das mamas), tireoplastia (cirurgia que permite a mudança no timbre da voz), plástica mamária e inclusão da prótese de silicone e outras cirurgias complementares. O único espaço do Sistema Único de Saúde a oferecer esse serviço nas Regiões Norte e Nordeste do país é o Espaço de Cuidado e Acolhimento de Pessoas Trans, localizado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Recife. O ambulatório tem uma demanda muito superior à capacidade. Atualmente, a fila de espera para fazer a cirurgia é de 13 anos.

As violências que atingem nossa classe existem e se relacionam de forma intersseccional. O avanço do fascismo atinge de diferentes formas diferentes corpos e identidades. A socialização na masculinidade viril, a supremacia branca e a heteronormatividade são valores cultivados pelo fascismo no Brasil e a solidariedade de classe é elemento fundamental para nossas fileiras na luta contra a transfobia.

Fortalecer a luta contra a transfobia diariamente!

Construir um povo forte!

Lutar, criar, poder popular!

 

29 de janeiro de 2018

Organização Resistência Libertária (ORL) – CE

Federação Anarquista dos Palmares (FARPA) – AL

Federação Anarquista Cabana (FACA) – PA

Coletivo Multirão Anarquista (COMUNA) – PB

Coletivo Anarquista Maria Iêda – PE

Fórum Anarquista Especifista (FAE) – BA

nov 102017
 

Direto do site da FEDERAÇÃO ANARQUISTA GAÚCHA – FAG· SEXTA, 10 DE NOVEMBRO DE 2017

Uma comissão especial da câmara dos deputados, aprovou nesta quarta, dia 8, um forte endurecimento contra a lei de aborto no país. A lei de aborto que até agora, entendia os casos de riscos a vida da mulher, estupros e anencéfalos como prática não criminosa, porque busca preservar a vida da mulher e evitar piores traumas futuros, pode ser mudada. A comissão especial da câmara, que é composta por uma maioria da bancada evangélica, todos homens, resolveram aprovar uma emenda que altera a constituição e que proíbe a prática de aborto até em casos de estupros. Consagrando assim, um legado, cada vez mais crescente, de criminalização dos corpos, de suas sexualidades, em especial agora, o corpo da mulher.

Esta ‘inquisitora’ comissão especial, foi instalada em uma briga, como retaliação ao Supremo Tribunal Federal, que considerou aborto ate os 3 meses de gestação não crime. Seguindo o exemplo de vários países no mundo que avançaram nos direitos sobre a vida e os corpos das mulheres.

No entanto, os evangélicos não medem esforços para mostrar toda a força que tem dentro do parlamento burguês brasileiro. E, o discurso charlatão conservador ganhou pérolas na votação de quarta feira, com destaque para o deputado pastor Eurico (PHS/PE) que em meio a sessão gritava segurando uma replica de um feto de 12 semanas nas mãos, as seguintes palavras “ Onde esta o amor as mulheres? Onde esta o amor as crianças? Isso não tem nada a ver com religião, isso é uma posição! Nós somos contra o assassinato em massas de inocentes.”

Não é de hoje que assistimos os discursos mais conservadores do país ganhando cena e poder político. Estes grupos não são apenas aceitas dogmáticas, manipuladores da fé das pessoas, ultra disciplinador de corpos, mas, são também uma prática autoritária, completamente intolerante. Terreiros de Umbanda foram diversas vezes atacados, os seguidores das religiões africanas sofrem perseguições e agressões de toda sorte por parte dos “seguidores de deus”. Eles destroem outras igrejas. Também construíram o “exercito de deus”, onde centenas de jovens se alistam para combater na porrada em nome sua fé e somente sua fé. Porém, não nos enganamos que sejam apenas alguns fanáticos manipuladores dos anseios e sofrimentos das pessoas, são um grupo com grandes interesses políticos no país, são donos de grandes fortunas, são donos de canais televisivos, de rádios e jornais. São a maior bancada do congresso nacional, são grandes sonegadores e ladrões do povo mais oprimido, em nome do “sagrado dizimo”. São eles que, pelo seus meios de comunicação de grande alcance, principalmente entre a população mais pobre, detonam discurso contra a liberdade das mulheres cotidianamente, discursos onde submissão é um valor e a dominação do homem é incentivada. O discurso patriarcal, homofóbico e intolerante são os valores que esta instituição político religiosa propaga todos os dias e é claro que vão fazer com que estas ideias se tornem fatos consumados. Mas, não antes de enfrentar a nossa Resistência!

A narrativa conservadora em voga no país, de norte a sul, tem feitos mais vitimas mulheres de abusos que circulam como propaganda a toda conduta machista. São casos de estupros coletivos, feminicídios que assombram nossas vidas, homens que ejaculam em mulheres em transportes públicos, entre outras crueldades de assédios cotidianos. A ideologia destes setores conservadores tem se tornado mais influente, começam a disputar, para destruir, qualquer avanço nas liberdades sociais, individuais e sexuais. Não a toa, esta campanha contra as “ideologias de gênero”, de “escola sem partido”, entre outras sandices que acumulam liberais e conservadores na mesma medida.

Os grupos de extrema direita estão atuando para combater não só ideologicamente, mas como também, fisicamente seus adversários e opositores. Cumprem as mais diferentes ameaças em espaços públicos, palestras, atos e universidades, só esperam o melhor cenário para atuar. Praticam a intolerância e conseguem, através do escracho, impedir a mostra “Queer museu” em Porto Alegre. Mesmo sendo eles um dos grupos mais denunciados, por praticarem pedofilia e estupro contra crianças (meninas e meninos). São os mesmos, que queimam bonecos de bruxas na palestra de Judith Butler, acabam com aulas sobre feminismo, de temas socialistas, etc. São herdeiros dos antigos senhores da Casa Grande, que estupravam suas escravas e as obrigavam a ter os filhos bastardos, herdeiros e reprodutores da colonização do corpo da mulher.

Eles, que jogam nas redes sociais os discursos de ódios mais absurdos como se fossem dizer apenas “bom dia”. Propagandeiam condutas fascistas sem nenhum problema e enquanto isso os governos e suas policias seguem exterminando os pobres, perseguindo os movimentos populares, libertários e agora criminalizam as mulheres.

Somente nos organismos de base, longe da política de gabinete, com as mulheres do povo oprimido que vamos poder cultivar a resistência contra o sistema machista e opressor!

Nós, como anarquistas não temos confiança nenhuma nas instituições parlamentares, nem nas estruturas do Estado. Sabemos que todos os governos são comprometidos com projetos que não estão dispostos a direitos e liberdades das pessoas. A não ser, seus direitos e liberdades enquanto elite de dominação. Nem os governos ditos de esquerda avançaram sobre as demandas do movimentos feminista, nem de todas as demais demandas do povo oprimido, não seria agora que se avançaria. Ainda mais dentro de uma conjuntura de ajustes e extremamente repressiva como esta.

É preciso ligar o alerta e demonstrar força de mobilização contra a PEC 181, construir ampla campanha contra ajuste, as amarras que querem impor as mulheres brasileiras.

Mais de 50 mil mulheres morrem por ano no Brasil, a cada 9 minutos uma, todas vitimas de abortos clandestinos.

Precisamos, mais do que nada, difundir a realidade sobre o tema aborto, pois o “massacre em massa” que existe hoje é o das milhares de brasileiras pobres e negras das periferias. Não precisamos ir longe para desmascarar o discurso conservador, seguramente os mesmos são capazes de reconhecer, entre eles, que para as mulheres com melhores condições econômicas, as mulheres e filhas das elites, estas são as primeiras a fazerem o procedimento do aborto sem grandes riscos, nem o penal. Ou será que nenhuma filha, parente, conhecida dos pastores em questão, nunca tiveram que passar por isso? Será mesmo que nenhum destes pastores já não pagou caro pra que suas familiares não “sujarem” sua honra, engravidando de genros indesejados? Ou mais do que isso, já não obrigou estas mulheres a ter o filho, mesmo contra vontade arranjando casamentos forçados?

As pobres sim são as vítimas diretas desse massacre, da ausência de políticas publicas, de políticas de saúde para as mulheres. São as mulheres das periferias que acumulam seus corpos sem vida diante da opressão machista que tenta nos ajustar como objeto de controle. Violam toda a liberdade, a autonomia e a vontade da sujeita/o ser autora primeira sobre seu corpo, de ter direitos garantidos sobre sua vida. Mais uma vez a liberdade das mulheres passa a ser decidida por um grupo de meia dúzia e mais alguns engravatados, que falam em nosso nome.

A luta das mulheres precisa ganhar as ruas mais uma vez, fazer o que historicamente nos tocou fazer, lutar. Lutar porque são nossas filhas, netas, irmãs, mães, primas, sobrinhas, tias, vizinhas, amigas, nós mulheres que vamos pagar com vidas pelo discurso criminalizador do nosso corpo. Nenhum Estado ou governo, pode decidir em nosso nome, somos nós que sofremos a dor da perta de nossas familiares, somos nós que carregamos os traumas de uma gravidez indesejada, somos nós mulheres que cultivamos um luto sozinhas, arriscando a vida porque nosso corpo e somente ele, tem funções que ganham as mais severas punições, o dos homens não.

Nenhuma gravata vai decidir por nós! Ampliar a luta contra a PEC 181 e toda a onda machista, homofóbica e conservadora sobre o país.

Nós mulheres anarquistas nos colocamos do lado de todo movimento feminista classista que vai sair as ruas para lutar contra este terrível retrocesso sobre nossas vidas e, nossas demandas históricas de direitos e liberdade.

Acreditamos que é importante comprometer todos os movimentos populares, nossas frentes de luta a estarem em solidariedade as nós mulheres. É hora de lutar contra o ajuste político-econômico, assim como contra o ajuste do corpo da mulher. Que o protagonismo seja das mulheres de baixo, porque são elas, nós, que pagamos o preço de uma cultura ódio contra a pobreza e o direito de decidir sobre nossas vidas.

Não se ajusta a mulher que peleia! Nenhuma a menos! Nós decidimos!

 

out 272017
 

NOTA EM SOLIDARIEDADE À FEDERAÇÃO ANARQUISTA GAÚCHA

A atual conjuntura política tem sido dramaticamente sentida pela população brasileira. Isso tem se dado primeiramente pela retomada da cartilha do liberalismo (arrocho fiscal e cortes nos direitos sociais) e, principalmente, pela podridão parlamentar, que legitima os atos do governo golpista de Temer e seus criminosos. Tudo isso, com o silêncio profundo do judiciário, o mais acentuado corrupto dos poderes.

Independente de todo esse estado de coisas e contra tudo isso, as ruas se movimentam. Malgrado a letargia da população que muitos apontam ante os escândalos diários da política nacional, são muitos os movimentos sociais que teimam em se manter de pé de norte a sul desse país. Movimentos sociais e organizações políticas de esquerda resistem e lutam diariamente, ombro a ombro com a população nos campos e nas cidades. Nesse embate feroz com os “de cima”, a criminalização das lutadoras e dos lutadores é uma regra. Muitos de nós somos presos(as) e mortos(as), como signos que somos das injustiças sociais desse país e do mundo.

A Organização Resistência Libertária, integrante da Coordenação Anarquista Brasileira, vem a público se solidarizar com os nossos irmãos e irmãs da Federação Anarquista Gaúcha, assim como com a Ocupação Pandorga da Azenha e do Movimento Parrhesia, que no último dia 25 de outubro tiveram seus espaços invadidos pela Polícia Civil e tiveram suas publicações e equipamentos de trabalho sequestrados pela operação repressiva do governo gaúcho.

Chamamos atenção ainda, uma vez mais, para a grave perseguição ideológica que o Anarquismo tem sofrido, sobretudo nos últimos anos. É preciso denunciar em voz alta a ação criminosa da polícia gaúcha, via forja de provas e a perseguição política e ideológica. Agora a criminalização se abate sobre nós, anarquistas, amanhã será também contra todos e todas que sonham e criam todos os dias a necessária transformação social dessa sociedade. E por esse motivo é preciso afirmar sempre.

LUTAR NÃO É CRIME!!!

CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DO ANARQUISMO E DA ESQUERDA!!!

RODEAR DE SOLIDARIEDADE OS(AS) QUE LUTAM!!!

Organização Resistência Libertária (ORL/CAB)

26 de outubro de 2017

 

out 262017
 

Ficamos sabendo há poucas horas de uma operação da polícia civil contra um suposto grupo responsável por diversos ataques contra viaturas policiais, banco, concessionárias de veículos, delegacias e sedes de partidos políticos. Segundo notícia divulgada no G1, serão atribuídos a este suposto grupo os crimes de formação de quadrilha, uso de explosivos e tentativas de homicídio. O endereço da nossa antiga sede pública, localizada na Travessa dos Venezianos, foi invadido pela polícia que apreendeu computadores, telefones, livros e outros pertences do grupo cultural que mantinha o espaço. Ficamos sabendo que o mandado era endereçado à nossa Organização. Outros locais político-culturais também receberam “visita” da polícia civil.

Trata-se de mais um FACTÓIDE que pretende criar um espantalho, um bode expiatório, para criminalizar e reprimir o conjunto dos movimentos sociais e da esquerda não-eleitoral e em específico a nossa ideologia. Em uma conjuntura de retirada de direitos, de ajuste fiscal, de intensificação da exploração e da dominação sobre o conjunto das classes oprimidas, a mão pesada da criminalização contra os e as anarquistas entra em cena.

Ainda não tivemos nosso local público invadido, mas acreditamos que pode ser só questão de tempo. Alertamos o conjunto dos e das lutadoras sociais sobre isso e sobre a necessidade de SOLIDARIEDADE a todos e todas que lutam!

NÃO SE INTIMIDAR!
CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DOS QUE LUTAM!
RESISTÊNCIA E SOLIDARIEDADE!

Federação Anarquista Gaúcha – FAG
25 de Outubro de 2017

set 292017
 

 

A violência contra as mulheres é um ato recorrente dentro da estrutura patriarcal na qual são fincadas as relações de gênero no seio da sociedade capitalista. Os dados estatísticos e a vivência cotidiana não deixam dúvidas quanto às agressões verbais, psicológicas, emocionais e físicas das quais as mulheres enfrentam durante toda a sua vida e com muita força resistem o quanto podem para não tombar.

Às mulheres, cabe mecanismos de proteção, segurança e representação que não são contemplados nos aparatos do Estado, nem na repressão policial. As mulheres precisam de mecanismos que estejam em todos os momentos a seu lado no combate às violências, tanto nos espaços privados, quanto no espaço público. Sendo assim, nada melhor do que as próprias mulheres produzirem e serem esses mecanismos de defesa, esse sistema de autoproteção, a força motriz para o combate às agressões que sofrem todos os dias.

Pensando nisso, nós, mulheres da Coordenação Anarquista Brasileira, DEFENDEMOS E BUSCAMOS O PROTAGONISMO DAS MULHERES EM SUA AUTODEFESA, e trazemos aqui alguns pontos para contribuir no debate e prática da defesa pessoal para as mesmas no Brasil.

Primeiramente queremos destacar que muitos discursos e falas trazem a mulher, vítima do ato de violência, como culpada ou facilitadora da própria agressão que sofre. Alegando motivos nas roupas usadas pelas mesmas, na restrição de horários para estar só na rua, na falta de obediência ao marido ou pai, entre outras justificativas baseadas não no senso de igualdade, mas no machismo que coloca a mulher como objeto pertencente ao homem, que pode a violentar caso seja de seu agrado. Essas justificativas causam uma violência dupla às mulheres, uma vez pelo ato e outra vez pela culpa que carregam ao sofrer a agressão, sentindo-se envergonhadas, responsáveis, frágeis e incapazes de se proteger.

É POR ESSA DUPLA AGRESSÃO QUE A DEFESA PESSOAL SE TORNA TÃO IMPORTANTE. Antes mesmo de praticar qualquer tipo de luta e aprender golpes, as mulheres precisam passar por um processo de autoconhecimento, autoconfiança e se enxergar como pessoas que merecem ser respeitadas e merecem ter suas vontades respeitadas também. É de suma importância se apoderar de seu próprio corpo, conhecer o que seu corpo é capaz de proporcionar e como pode se defender. Nós mulheres, somos condicionadas a não termos intimidade com nossos corpos, o feminino é um tabu em várias dimensões e é preciso quebrar essa barreira, para que sejamos todas empoderadas e conscientes sobre o que queremos e como vamos conquistar esses quereres.

Mas esse autoconhecimento e autoconfiança virá de um dia para o outro? São coisas aprendidas com facilidade e apenas ouvindo uma palestra ou participando de uma oficina de defesa pessoal? Não!

Esse é um processo lento e constante. A educação que forma os gêneros, desde os primeiros anos de vida de qualquer pessoa, é de uma violência simbólica sem precedentes, e tão disciplinadora de nossos corpos e mentes que torna esse processo muito mais difícil. É importante nessa caminhada ter uma rede de apoio ENTRE AS MULHERES enquanto amigas e companheiras, como também PARA AS MULHERES, nos âmbitos jurídico e financeiro, juntamente com a saúde física e psicológica.

Entretanto, todos esses fatores não serão suficientes sem que haja a iniciativa dessa mulher em percorrer o caminho em direção ao autoconhecimento e autoconfiança. É necessário que as mulheres avancem rumo à sua autonomia e autogestão, de seus corpos e vidas! ESTAREMOS UNIDAS NESSA CAMINHADA!

O Wendo é uma junção de várias artes marciais, voltado para defesa pessoal, surgiu no Canadá, na década de 1970. O “wen” é a abreviação da palavra woman (mulher em inglês) e “do” significa “caminho” em japonês. Apresenta-se como uma defesa pessoal para mulheres ou autodefesa feminista, o que o difere da simples defesa pessoal, por não estar resumido na defesa física, tendo todo um trabalho direcionado para a violência de gênero, seja ela física, psicológica, verbal, emocional, entre outros. Com sua prática no Brasil, a pauta da defesa pessoal tornou-se muito lembrada e buscada nos movimentos feministas.

Essa procura por técnicas específicas de defesa pessoal para mulheres nos leva a acentuar um ponto importante do diferencial dessas técnicas: a ideia de defesa pessoal. Essas práticas de autoproteção não estão apenas na aprendizagem de golpes e contragolpes, que condizem com o aspecto físico da defesa, mas também buscam contribuir para questões que dizem respeito à autoestima, segurança em si mesma e saúde mental para encarar o machismo de frente e com coragem. Por conta disso, não é simplesmente treinar o corpo para reagir à uma agressão, mas treinar também a mente, para se sentir bem consigo mesma e capaz de se defender.

Por isso, a defesa pessoal deve ser reivindicada para toda e qualquer mulher! Espalhe isso para todas, o autoconhecimento, autoestima e autoconfiança não pode ser de poucas, não devemos deter o empoderamento feminino. É fundamental que essa aprendizagem chegue em todos os lugares, principalmente para as mulheres mais suscetíveis a sofrerem violência, principalmente para as mulheres que hoje, e talvez nesse exato momento, apanham ou são ameaçadas por um machista e agressor. A confiança em seu corpo e em si deve ser um direito de todas, esse é o primeiro passo para a luta da transformação social e destruição do patriarcado!

E por falar em mulheres mais suscetíveis a sofrerem violência, é importante termos esse ponto como central ao propor oficinas de defesa pessoal pelo Brasil a fora. Muitas vezes, essas atividades são pagas, com altos preços e focam na camada mais rica da sociedade, a elite ou classe média branca, ficando inacessível a mulheres pretas, pobres da periferia, que geralmente não tomam conhecimento da existência de tais atividades.

Se somos anarquistas e buscamos o fim das desigualdades sociais, e ainda mais, se somos feministas e buscamos a libertação das mulheres e igualdade dos gêneros, DEVEMOS PRIORIZAR AS COMPANHEIRAS E GUERREIRAS QUE CONVIVEM COTIDIANAMENTE COM A VIOLÊNCIA, DEVEMOS PAUTAR UMA AUTODEFESA QUE PENSE DE FORMA INTERSECCIONAL GÊNERO, RAÇA E CLASSE. É incontestável que as mulheres negras, pobres, periféricas, trans, donas de casa, lésbicas, prostitutas, presidiárias e ex-presidiárias sofrem mais com agressão. Portanto, embora não nos recusemos a colaborar com as companheiras que não são constituídas por esses marcadores sociais, devemos buscar apoiar essas mulheres que necessitam de mecanismos para se auto protegerem com urgência, como mostram os índices de violência contra as mesmas.

A autodefesa não é um projeto para o acirramento dos conflitos nas relações de gênero, nem é um programa de combate e extermínio aos homens, como muitos machistas podem dizer por aí. Antes de qualquer agressão, é essencial a busca da comunicação não violenta, que diversas vezes contribui para um diálogo pacífico e resoluções de problemas. Entretanto, quando essa comunicação não funciona, a única resposta à violência deve ser a contra-violência, e as mulheres devem estar prontas para rebater com esse contra poder. É HORA DAS MULHERES REAGIREM, É HORA DE MOSTRARMOS QUE NÃO SOMOS OBJETOS FRÁGEIS E NÃO ESTAMOS DE BRINCADEIRA!

 

POR UMA VIDA SEM VIOLÊNCIA DE GÊNERO!

MACHISTAS NÃO PASSARÃO!

 

GT de Gênero da Coordenação Anarquista Brasileira

29 de setembro de 2017

ago 042017
 

[Liberación de la Madre Tierra] No momento, à beira de se iniciar o Encontro Internacional de Libertadores e Libertadoras da Mãe Terra, a ESMAD (Esquadrão Móvel Antidistúrbios da polícia) atacou o processo de libertação em Quebradaseca, lugar que foi preparado pela comunidade indígena durante semanas para receber todas as pessoas convidadas e os palestrantes e agora está sendo incendiado e destruído pelos policiais.

Este é um sinal claro de sabotagem por parte do Estado e proprietários de terras na área, juntamente com os ataques das últimas semanas onde dois companheiros foram feridos por estilhaços de bombas.

Chamamos à solidariedade todos os lutadores e lutadoras do país para continuar e aumentar o apoio ao processo de libertação e democratização de terras que está ocorrendo no norte do Cauca.

O ESMAD já se retirou do local, destruiu as barracas construídas pelos libertadores e destruiu a comida que tinham sido enviadas para o evento. Claro sinal de sabotagem e obstrução de um processo que vai aumentando a sua força.

Viva a libertação e democratização da Mãe Terra.

Fonte: https://www.facebook.com/vialibre.grupolibertario/?hc_ref=ARQkJHvGns1jN6HRf-7MlgDT1QA1aufAxa2d9Z4q387SrSkSg3e9rgEldm3n6LMgJKc&fref=nf#

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NOTA PUBLICADA EM SAUDAÇÃO AO EVENTO QUE ESTAVA SENDO ORGANIZADO E QUE ACABOU SENDO REPRIMIDO PELAS FORÇAS DO ESTADO A MANDO DE ESPECULADORES DE TERRAS…

América Latina es el centro mismo de esta nueva etapa del movimiento mundial de la sociedad contra el capitalismo colonial/moderno.

Aníbal Quijano

Quanto mais, dia após dia, nós, os de baixo, nos organizamos, mais e mais nos aproximamos de nosso objetivo de mudança radical, construído pelas nossas próprias mãos. Livrando-nos desse sistema perverso que os governos, o capitalismo e o Estado têm desenhado para nós.

Mas, se os de cima desenham nosso horizonte, façamos então a nossa pichação sobre esse desenho, com nossa luta e resistência, apesar do momento em que acirram os conflitos pelo direito à terra no Brasil, na Colômbia e em toda América Latina. A luta pela terra, por um pedaço de chão para morar, produzir e viver espacializa-se por toda Amazônia Internacional. Desde o IIRSA, que cortou de leste a oeste o continente, impactando inúmeras comunidades desterritorializando-as; passando pelas barragens que secam os rios mais caudalosos e ricos em vida; os projetos mineralógicos sugando o solo e destruindo comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas. Tudo isso desenhado para o desenvolvimento.

Desenvolvimento esse que é fruto do capitalismo colonial/moderno e da globalização neoliberal que esmaga as tradições dos povos originários de toda floresta amazônica. O latifúndio no campo aumenta e condiciona o camponês obrigando-lhe a fugir de sua terra, pressionado pelo agronegócio e pela pistolagem. Enquanto isso, nas grandes cidades e centros econômicos e comerciais amplia-se a concentração de renda nas mãos de poucos, não é dado o direito a habitação com dignidade na maioria das aglomerações urbanas latino-americanas, gerando bolsões de pobreza pela carestia de vida, pelas péssimas condições de saúde. Fatores que são orientados pelos setores empresariais e impulsionados pelo capital.

Nossos povos originários nos mostram que apenas resistindo e lutando contra essas forças hegemônicas é que almejaremos a transformação social. Um exemplo disso está na Colômbia, onde existem 87 povos originários reconhecidos e tantos outros mais ainda lutam pelo reconhecimento ao direito ancestral aos seus territórios. No Brasil, temos a luta pela autoafirmação dos povos indígenas e também das comunidades quilombolas. A autodemarcação de suas terras é prática de ação direta, tomando para si e tirando dos governos e do Estado a primazia de dizer quem tem o direito à terra.

É com esse sentimento de transformação, desde de baixo, que a Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) saúda o Encuentro Internacional de Liberadoras y Liberadores de La Madre Tierra fruto do Proceso de Liberacíon de La Madre Tierra. Esta iniciativa mostra que autogestão, independência econômica e ação direta são princípios práticos que podem nos ajudar no caminho da transformação social.

Para libertar a Madre Tierra é necessário libertar o pensamento, descolonizando, retomando as maneiras e práticas dos povos originários, tecendo com linha de resistência nosso manto de luta, de todos os oprimidos de nossa imensa Amazônia da Colômbia ao Brasil e de toda América Latina.

Coordenação Anarquista Brasileira (CAB)

04 de julho de 2017