A UECE existe porque resistimos
Não é de hoje que a educação pública sofre os ataques do Governo Estadual. Diversas são as estratégias para que o direito à educação pública não seja efetivado. Nos últimos anos as Universidades Estaduais do Ceará, que sempre sofreram com o descaso do Governo, vêm sentindo com mais intensidade o silêncio que resulta em esquecimento do ensino superior público Estadual. Assim, no dia 29 de abril de 2016 os docentes da Universidade Estadual do Ceará deflagraram mais uma greve. A verdade é que se a UECE não parasse agora pararia mais tarde, pois as condições de existência são mínimas.
Na greve de 2013 tivemos algumas conquistas como: o aumento do número de bolsas de permanência estudantil universitária de 260 para 900 e o valor delas de 200,00 para 400,00 reais, ônibus para encontros e o concurso público para professores/as. Porém, as universidades estaduais não tiveram esses ganhos verdadeiramente, pois não dispõem de recursos para a gasolina e nem houve a nomeação destes/as professores/as.
A greve de 2014 foi uma greve em época de eleição, puxada por cima, sem mobilização dos/das estudantes e dos/das professores/as que nos trouxe apenas palavras e promessas do senhor governador que se arrastaram pelo ano de 2015. Além de não terem sido cumpridas as reivindicações das universidades, as mesmas sofrem a precarização onde 20% das verbas de custeio foram cortadas o que levou a UECE a uma dívida de quase três milhões de reais.
Neste ano de 2016, depois de mais 15% do custeio cortado, a maioria daqueles/las que estão presentes na realidade da educação superior estadual sentiu necessidade de emplacar mais uma luta e aderir a mais uma greve. Nesta greve as pautas são as mesmas da passada, isso porque elas não foram cumpridas.
No interior, apesar da obra da FACEDI, estar licitada desde julho de 2015, o governo não autorizou o início da obra. O governo também não publicou o Edital de Concurso para Técnico-Administrativo, nem concluiu o Plano de Carreira dos mesmos. Na UVA, a reivindicação é pela construção de um prédio próprio, pois é pago 50 mil por mês de aluguel a uma igreja para que os cursos funcionem.
O governador Camilo Santana não concorda nem mesmo com o reajuste salarial dos professores em modestos 12,67% (e segue descumprindo também a data-base, 01 de janeiro, estabelecida pela lei 14.867/11). Porém o Projeto de Lei 257/16 com o “Plano de auxílio aos Estados e Distrito Federal e medidas de estímulo ao reequilíbrio fiscal” apresentado pela presidenta da república Dilma Rousseff antes de seu afastamento e em tramitação na Câmara dos Deputados, se aprovado, tudo indica que será cumprido também no estado do Ceará. Neste PL se normatiza suspensão de concursos, não pagamentos de progressões, promoções, gratificações, licença prêmio, licença sabática e quinquênios, além de “programas de demissão voluntária” (os funcionários são convidados a “negociar sua saída” com o patrão, ou seja, se demitir de maneira espontânea em troca de alguns “benefícios”) são algumas barbaridades presentes. Um verdadeiro desmonte do serviço público!
Seguimos lutando pela lei de autonomia universitária, por um Restaurante Universitário gratuito, pela Residência Estudantil, pela Creche Universitária para estudantes e comunidade, pela nomeação de 81 professores efetivos concursados em 2015, pela autorização da reforma e ampliação da Faculdade de Educação de Itapipoca no valor de R$ 11 milhões, pelo anúncio do reajuste salarial na proporção de 12,67%, pela implantação em folha de pagamento das promoções, progressões, incentivo profissional e dedicação exclusiva, pela assinatura de estágios probatórios e celeridade em todos os processos que tramitam no aparelho governamental, pela Construção do prédio novo da Faculdade de Crateús, mais a construção de seis salas de aula, reforma do prédio atual e celebração do convênio entre CVT e UECE, pela equiparação do salário e da carga de trabalho entre professores substitutos e efetivos, tomando como referência os vencimentos e o trabalho dos professores efetivos, pela realização de concurso para servidor técnico-administrativo, pela revogação de todos os cortes de verbas do custeio e saldo da dívida de 2,9 milhões referente ao exercício de 2015.
Lutar por uma universidade pública de qualidade já faz parte de nossa educação!
Só a luta muda a vida, viva a greve das universidades estaduais!
Viva aos professores e estudantes em greve!