fev 022022
 

Manifestamos nosso pesar e solidariedade à comunidade congolesa e à família de Moïse Mugenyi Kabagambe, que foi brutalmente assassinado em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, há cerca de uma semana. O jovem congolês de 24 anos foi espancado até a morte por pelo menos três pessoas. De acordo com a família, ele teria ido ao local para cobrar 200 reais, que o quiosque devia a ele por dois dias trabalhados.

O episódio escancara como o racismo e a xenofobia matam, e são utilizados pelos de cima para manterem o sistema de dominação. Moïse era um negro africano e trabalhador precarizado, e foi ao local somente para receber o que o patrão lhe devia. Como resposta recebeu a brutalidade, e mesmo depois da morte foi violentado pelo Estado, sendo declarado como indigente pelo IML.

O jovem morava há dez anos no Brasil, e veio com a família em busca de uma vida digna, fugindo dos conflitos armados na República Democrática do Congo, que em 20 anos deixaram mais de 6 milhões de mortos e desaparecidos. No Brasil, como milhares de imigrantes negros africanos, foi obrigado a se submeter a trabalhos precários, ao racismo e à xenofobia. As palavras da mãe de Moïse, Ivana Lay, dolorosamente resumem o que a família enfrentou: “Eu fugi do Congo para que eles não nos matassem. No entanto, eles mataram o meu filho aqui como matam em meu país.”

A morte de Moïse é também um reflexo de nossa abolição incompleta, que lançou à própria sorte o povo negro, liberto mas sem terra nem trabalho. Passado mais de um século, os negros somam 77% das vítimas de assassinatos no país, seguno o Atlas da Violência. O Estado e o Capital perpetuam o genocídio, e pouco fazem para transformar de fato essa realidade, além de algumas medidas superficiais.

Neste sábado, dia 05, entidades de imigrantes e do movimento negro farão manifestações em algumas cidades do país para denunciar o assassinato racista e xenofóbico. Um primeiro passo do movimento popular para que esse crime brutal não seja ignorado. Em nossos espaços de militância, defendemos e atuamos na autoorganização das e dos de baixo para fazer frente à violência racista das classes dominantes. Para isso é necessário o trabalho cotidiano nos diversos movimentos, na construção de uma Frente de Classes Oprimidas que possa destruir o sistema de dominação e construir o Socialismo Libertário, sem fronteiras!

LUTO E LUTA POR MOÏSE!
PELO PODER POPULAR!

Coordenação Anarquista Brasileira
Fevereiro de 2022

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