nov 212018
 

Não ao despejo das famílias do Acampamento Zé Maria do Tomé!

Não aceitamos outro Eldorado dos Carajás no Brasil!

Assentamento imediato das famílias

A Coordenação Anarquista Brasileira se solidariza e se soma à resistência do acampamento Zé Maria do Tomé que sofre ameaça de despejo hoje, dia 21/11/2018.

Nos últimos meses a luta no campo do Ceará sofre uma ofensiva de despejos das famílias acampadas, dentre eles o Acampamento 17 de Abril/Canafístula no município de Santana do Acaraú, Acampamento Zé Wilson no Município de Lavras da Mangabeira, Acampamento Vida Nova no Município de Mauriti e Zé Maria do Tomé/Chapada do Apodi no Município de Limoeiro do Norte.

Na última semana o acampamento Zé Maria do Tomé recebeu mais uma vez a notícia de uma nova reintegração de posse prevista para acontecer hoje dia 21/11.

O acampamento foi formando em 2014 por famílias que lutavam contra o agronegócio na região e por terra pra para viver e plantar.

Hoje são 150 famílias ameaçadas pelo poder político do agronegócio e pela intransigência do poder judiciário que não abre canal de comunicação com os acampados.

As famílias e militantes se encontram na área do acampamento dispostas a resistir pelo território.

Organização Resistência Libertária – Coordenação Anarquista Brasileira

21 de novembro de 2018


Veja nota do MST sobre o acampamento Zé Maria do Tomé:

HISTÓRIA DO ACAMPAMENTO ZE MARIA DO TOMÉ: QUATRO ANOS DE LUTAS, RESISTÊNCIAS E CONQUISTAS.

Na madrugada do dia 05 de maio de 2014, centenas de famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, de todo Estado do Ceará, e das famílias sem terra de 36 comunidades de Limoeiro do Norte, Quixeré e Tabuleiro do Norte, ocuparam a II etapa do perímetro irrigado Jaguaribe Apodi, reivindicando que a área fosse destinada para as famílias de agricultores sem terra e não para as empresas do agronegócio que envenenam, exploram e destroem a natureza na chapada Apodi.

Esta ação de enfrentamento na Chapada do Apodi contra este modelo do agronegócio vem sendo organizado por agricultores, entidades e movimentos sociais e outras formas de resistência, como foi o caso das lutas pela terra dos pequenos agricultores e contra os agrotóxicos, realizadas por Zé Maria do Tomé (através de Associações). Zé Maria foi brutalmente assassinado dia 21 de abril de 2010 a mando do agronegócio por defender terra, água e alimentos livres de venenos. Ele lutava pela proibição da pulverização aérea e por terra para quem nela trabalha. Para homenagear este companheiro que teve sua voz calada, as comunidades batizaram a ocupação com o nome de Zé Maria do Tomé.

Por isso, nós, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e comunidades da Chapada, com o apoio do Movimento 21 (Conlutas, FAFIDAM/UECE, UFC/TRAMAS, CPT Ceará, Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte, STTR do Apodi), ocupamos o Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi para exigir do Governo Federal e Estadual, o atendimento imediato de nossas reivindicações. O Perímetro Jaguaribe Apodi foi implantado no final da década de 1980, quando ocorreu a expropriação, expulsão e desmantelamento da produção de cerca de 6 mil famílias da região, que antes produziam alimentos e mantinham relações de identidade com o território. Apenas 316 agricultores conseguiram entrar na I etapa do projeto irrigado, destes, 255 foram expulsos, ou seja, o equivalente a 81% de expropriação, segundo estudo realizado pela Universidade Estadual do Ceará/FAFIDAM. Esse processo levou a luta desses agricultores pelo retorno à terra, através da Associação dos Ex-irrigantes Expropriados do Perímetro Jaguaribe-Apodi (AIJA), que foi presidida por Zé Maria do Tomé.

Após a denúncia ao Ministério Público realizado pela AIJA, o DNOCS realizou no ano de 2009, a mando da Justiça, um estudo sobre a estrutura fundiária do Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi. O resultado identificou que, dos 10 mil hectares do projeto, 4 mil estão invadidos e grilados, principalmente, por empresas nacionais e transnacionais, que concentram 50% desse total (invadidas e griladas), somente em áreas acima de 100 hectares, são elas: Del Monte (1.223,27); Banesa (356,74); Fruta Cor (284,29) e WG  Prod. e Distrib. De Frutas Ltda. (174,46). O Governo Federal e o DNOCS vêm prolongando há mais de 08 anos a solução desse problema, que para nós significa retomar estas áreas de terras e entregar para as famílias, já que a implantação do referido Perímetro ocorreu dentro de um processo de expulsão de agricultores familiares e camponeses da Chapada.

O mais grave é que além dessas empresas dominarem as terras públicas, o que gera a expulsão de agricultores trouxe para a Chapada um modelo de agricultura que só funciona com muito veneno. Esse modelo denominado de agronegócio se caracteriza pela monocultura e destruição da biodiversidade ambiental, leva ao uso intensivo de agrotóxicos e exploração da mão-de-obra com empregos precários. Esse problema também tem se tornado uma preocupação dos camponeses e da população do Vale do Jaguaribe, em função do alto índice de casos de câncer em municípios dessa região, que é 38% a mais que em outros municípios que não incorporam o modelo de agronegócio, segundo pesquisa realizada entre 2013-2014 pela Universidade Federal- UFC.

O acampamento Zé Maria do Tomé, conta com a participação e apoio de organizações e entidades da classe trabalhadora que vem fortalecendo as lutas e negociações com o DNOCS, Ministério da Integração Nacional, INCRA, Presidência da República, Ministério Público Federal e Governo do Estado. Seguiremos em luta, em defesa da terra, da vida e pela construção da Reforma Agrária Popular! Convocamos toda a sociedade para apoiar a luta dos (as) trabalhadores (as) e camponeses (as) na defesa de suas terras e territórios.

A chapada é nossa!

A chapada e do povo!

TIREM SUAS MÃOS, A CHAPADA É NOSSO CHÃO

Fortaleza, 20 de novembro de 2018

Direção Estadual do MST Ceará

 

abr 032016
 

Ciclovida

O Coletivo Ciclovida é formado por um grupo de agricultores e agricultoras do assentamento Barra do Leme, em Pentecoste (Ceará) que se propõem a realizar atividades ambientalistas, ecológicas e cicloativistas de resgate e transporte de sementes crioulas.

Conscientes de que as ações das políticas públicas no Nordeste estão envolvidas com a Indústria da Seca – geração de lucros a partir da desertificação da mata nativa para a criação de monoculturas, de gado e a devastação florestal, assim como a manutenção da seca como troca de favores e compra de votos -, o grupo está desenvolvendo um projeto piloto que pretende entregar às vítimas do Polígono das Secas uma proposta concreta para solucionar o problema das secas, baseando-se em 3 princípios básicos: 1) Tecnologia simples, 2) Baixo custo e 3) Eficácia.

A ideia do Projeto é construir cisternas subterrâneas, os chamados olhos d’água, utilizando a potencialidade do solo local e o processo de enraizamento de árvores frutíferas que serão plantadas em cima dos olhos d’água com o intuito de perenizar esses poços e aumentar a área de irrigação da terra sem perda por evaporação, como é típico das ações de políticas públicas de açudamento ou construção dos grandes espelhos d’água. Esses olhos d’água se tornarão lençóis freáticos capazes de abastecer as comunidades próximas e, com a efetivação do projeto, transformar a ideia em uma nova política pública.

O Projeto já está sendo executado e com o intuito de arrecadar verba, o Ciclovida organizou uma programação cultural e comunitária durante o feriado da Semana Santa. A maioria dos participantes, vindo principalmente de Fortaleza, adotaram a bicicleta como meio de transporte e chegaram no assentamento na quinta, sexta e sábado. Na noite do sábado, ocorreu as apresentações da peça “A virada de Catirina no encontro com o mago e as trapalhadas de Matheu” e do Circo Pirata, seguidas de um sopão comunitário, sarau de poesias, músicas e palco livre.

A Organização Resistência Libertária tem o intuito de potencializar as ações do Ciclovida, promovendo ações educativas de caráter ambientalista em parceria com uma escola de Pentecoste, assim como ajudar na organização de eventos culturais para a arrecadação de fundos para continuar a desenvolver o projeto piloto.