maio 272018
 

Nós, da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB), nos solidarizamos e apoiamos a luta dos caminhoneiros e caminhoneiras que desde a segunda-feira, 21 de maio, estão em greve em diversos locais do país, realizando trancamentos de rodovias federais, estaduais e manifestações de rua.

Os diversos interesses em jogo nessa luta, a tentativa por parte do empresariado de tentar capturar a pauta dos trabalhadores e agenciá-la a seu favor, não pode ofuscar a justa luta da categoria e obstruir a solidariedade de classe. É necessário que os trabalhadores e trabalhadoras pressionem seus sindicatos para se manifestar ativamente em solidariedade à luta dos caminhoneiros e contra a política de preços da Petrobrás, criada pelo tucano Pedro Parente sob encomenda do Governo Temer. Uma política subordinada à agiotagem do sistema financeiro internacional, que faz com que a Petrobrás não trabalhe visando os interesses do povo, mas a serviço de especuladores e empresas internacionais, praticando preços que não são aplicados em nenhum país produtor de petróleo. Essa política de preços impacta toda a classe trabalhadora, pois sua consequência é o aumento do custo de vida para todos nós. A mão invisível do mercado bem sabe onde fica o bolso do trabalhador, assim como sabe se usar do cassetete e armas para reprimir quando nos colocamos de pé para lutar contra os ajustes e as políticas anti-povo dos governos que só defendem seus interesses.

A categoria dos caminhoneiro/as segue pressionando o Governo Federal para que atenda as reivindicações contidas no documento protocolado (http://www.unicam.org.br/paralisacao-do-setor-e-decorrente-de-descaso-do-governo/) dia 16 de maio, em Brasília, e entregue a todos os ministérios competentes.

No documento, a categoria exige melhores condições de trabalho e o cumprimento de acordos feitos anteriormente, como a criação de pontos de paradas de descanso nas rodovias, isenção de impostos para caminhoneiros autônomos, vale-pedágio, entre outras. Duas pautas são centrais: a redução no preço do óleo diesel e a isenção do pagamento de eixo de suspensão no pedágio para os caminhõess vazios.

Diante da forte mobilização, o governo fez o que bem sabe fazer quando é colocado em xeque. Chamou uma mesa de negociação com “representantes” que não falam em nome do movimento e fez um simulacro de acordo para legitimar a repressão militar daqueles que chamou de “pequena minoria”. Fato é que, após o suposto acordo do governo com os “representantes” da categoria, os bloqueios nas estradas aumentaram e manifestações espontâneas em solidariedade aos caminhoneiros e contra o governo Temer começaram a surgir por todo o país.

As centrais sindicais CUT, CTB, UGT, Força Sindical, CSB, NCST, diante da truculência do governo em convocar as Forças Armadas para arrancar os caminhoneiros de seus locais de trabalho, as estradas, se colocaram de joelhos diante do governo Temer para mediar um acordo com os caminhoneiros, ao invés de convocar uma mobilização que prepare a Greve Geral. Nada podemos esperar dessas centrais que pensam suas ações sob a sombra das urnas. Fazer política confiando no pleno funcionamento das instituições é não compreender que, em um Estado Policial de Ajuste, talvez ao fim do ano não exista uma urna aguardando o voto, mas sim o cano frio de um fuzil militar para reprimir a luta do povo.

Por isso, não vemos soluções mágicas, nem pela via eleitoral nem pela violência institucional de outra ditadura militar. Somente com a solidariedade e união entre os setores da população é que o povo vai conseguir resistir à ganância dos poderosos e exploradores nacionais e internacionais. A força do povo organizado, construindo o Poder Popular, que pode trazer alternativas a toda esta sangria do mercado financeiro e dos especuladores internacionais contra nós. Aqueles que apostam as fichas nas ilusões eleitorais ou saídas autoritárias ignoram que é na luta popular direta que podemos acumular e defender direitos sociais.

É fundamental que reforcemos os laços de solidariedade entre as categorias sindicais e populares para construir o germe de uma greve geral, que coloque o governo na parede e retome nossos direitos sociais perdidos.

TODO APOIO À LUTA DO/AS CAMINHONEIRO/AS!
POR UMA PETROBRÁS QUE NÃO SEJA SUBORDINADA AO MERCADO FINANCEIRO!
CONTRA A REPRESSÃO DAS FORÇAS ARMADAS/MILITARES E AS SAÍDAS SOLUÇÕES AUTORITÁRIAS!
CONTRA OS ATAQUES DO GOVERNO AOS DIREITOS DA CLASSE TRABALHADORA!

 

26 de maio de 2018

Coordenação Anarquista Brasileira

out 262017
 

Ficamos sabendo há poucas horas de uma operação da polícia civil contra um suposto grupo responsável por diversos ataques contra viaturas policiais, banco, concessionárias de veículos, delegacias e sedes de partidos políticos. Segundo notícia divulgada no G1, serão atribuídos a este suposto grupo os crimes de formação de quadrilha, uso de explosivos e tentativas de homicídio. O endereço da nossa antiga sede pública, localizada na Travessa dos Venezianos, foi invadido pela polícia que apreendeu computadores, telefones, livros e outros pertences do grupo cultural que mantinha o espaço. Ficamos sabendo que o mandado era endereçado à nossa Organização. Outros locais político-culturais também receberam “visita” da polícia civil.

Trata-se de mais um FACTÓIDE que pretende criar um espantalho, um bode expiatório, para criminalizar e reprimir o conjunto dos movimentos sociais e da esquerda não-eleitoral e em específico a nossa ideologia. Em uma conjuntura de retirada de direitos, de ajuste fiscal, de intensificação da exploração e da dominação sobre o conjunto das classes oprimidas, a mão pesada da criminalização contra os e as anarquistas entra em cena.

Ainda não tivemos nosso local público invadido, mas acreditamos que pode ser só questão de tempo. Alertamos o conjunto dos e das lutadoras sociais sobre isso e sobre a necessidade de SOLIDARIEDADE a todos e todas que lutam!

NÃO SE INTIMIDAR!
CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DOS QUE LUTAM!
RESISTÊNCIA E SOLIDARIEDADE!

Federação Anarquista Gaúcha – FAG
25 de Outubro de 2017

ago 042017
 

[Liberación de la Madre Tierra] No momento, à beira de se iniciar o Encontro Internacional de Libertadores e Libertadoras da Mãe Terra, a ESMAD (Esquadrão Móvel Antidistúrbios da polícia) atacou o processo de libertação em Quebradaseca, lugar que foi preparado pela comunidade indígena durante semanas para receber todas as pessoas convidadas e os palestrantes e agora está sendo incendiado e destruído pelos policiais.

Este é um sinal claro de sabotagem por parte do Estado e proprietários de terras na área, juntamente com os ataques das últimas semanas onde dois companheiros foram feridos por estilhaços de bombas.

Chamamos à solidariedade todos os lutadores e lutadoras do país para continuar e aumentar o apoio ao processo de libertação e democratização de terras que está ocorrendo no norte do Cauca.

O ESMAD já se retirou do local, destruiu as barracas construídas pelos libertadores e destruiu a comida que tinham sido enviadas para o evento. Claro sinal de sabotagem e obstrução de um processo que vai aumentando a sua força.

Viva a libertação e democratização da Mãe Terra.

Fonte: https://www.facebook.com/vialibre.grupolibertario/?hc_ref=ARQkJHvGns1jN6HRf-7MlgDT1QA1aufAxa2d9Z4q387SrSkSg3e9rgEldm3n6LMgJKc&fref=nf#

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NOTA PUBLICADA EM SAUDAÇÃO AO EVENTO QUE ESTAVA SENDO ORGANIZADO E QUE ACABOU SENDO REPRIMIDO PELAS FORÇAS DO ESTADO A MANDO DE ESPECULADORES DE TERRAS…

América Latina es el centro mismo de esta nueva etapa del movimiento mundial de la sociedad contra el capitalismo colonial/moderno.

Aníbal Quijano

Quanto mais, dia após dia, nós, os de baixo, nos organizamos, mais e mais nos aproximamos de nosso objetivo de mudança radical, construído pelas nossas próprias mãos. Livrando-nos desse sistema perverso que os governos, o capitalismo e o Estado têm desenhado para nós.

Mas, se os de cima desenham nosso horizonte, façamos então a nossa pichação sobre esse desenho, com nossa luta e resistência, apesar do momento em que acirram os conflitos pelo direito à terra no Brasil, na Colômbia e em toda América Latina. A luta pela terra, por um pedaço de chão para morar, produzir e viver espacializa-se por toda Amazônia Internacional. Desde o IIRSA, que cortou de leste a oeste o continente, impactando inúmeras comunidades desterritorializando-as; passando pelas barragens que secam os rios mais caudalosos e ricos em vida; os projetos mineralógicos sugando o solo e destruindo comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas. Tudo isso desenhado para o desenvolvimento.

Desenvolvimento esse que é fruto do capitalismo colonial/moderno e da globalização neoliberal que esmaga as tradições dos povos originários de toda floresta amazônica. O latifúndio no campo aumenta e condiciona o camponês obrigando-lhe a fugir de sua terra, pressionado pelo agronegócio e pela pistolagem. Enquanto isso, nas grandes cidades e centros econômicos e comerciais amplia-se a concentração de renda nas mãos de poucos, não é dado o direito a habitação com dignidade na maioria das aglomerações urbanas latino-americanas, gerando bolsões de pobreza pela carestia de vida, pelas péssimas condições de saúde. Fatores que são orientados pelos setores empresariais e impulsionados pelo capital.

Nossos povos originários nos mostram que apenas resistindo e lutando contra essas forças hegemônicas é que almejaremos a transformação social. Um exemplo disso está na Colômbia, onde existem 87 povos originários reconhecidos e tantos outros mais ainda lutam pelo reconhecimento ao direito ancestral aos seus territórios. No Brasil, temos a luta pela autoafirmação dos povos indígenas e também das comunidades quilombolas. A autodemarcação de suas terras é prática de ação direta, tomando para si e tirando dos governos e do Estado a primazia de dizer quem tem o direito à terra.

É com esse sentimento de transformação, desde de baixo, que a Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) saúda o Encuentro Internacional de Liberadoras y Liberadores de La Madre Tierra fruto do Proceso de Liberacíon de La Madre Tierra. Esta iniciativa mostra que autogestão, independência econômica e ação direta são princípios práticos que podem nos ajudar no caminho da transformação social.

Para libertar a Madre Tierra é necessário libertar o pensamento, descolonizando, retomando as maneiras e práticas dos povos originários, tecendo com linha de resistência nosso manto de luta, de todos os oprimidos de nossa imensa Amazônia da Colômbia ao Brasil e de toda América Latina.

Coordenação Anarquista Brasileira (CAB)

04 de julho de 2017