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Edição nº 1, Outubro de 2010

Grito dos Excluídos, 2010

Em meados de 2009 Fortaleza foi escolhida para ser uma das 12 subsedes da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. O credenciamento da capital cearense deve-se  ao  esforço  conjunto  do Governo  do  Estado  e  da  Prefeitura Municipal, que apresentaram à FIFA um mega-plano contendo nada menos que 86 projetos, divididos em sete áreas de  investimento  (estádios, turismo, transporte e mobilidade, saneamento e meio ambiente, segurança, saúde, energia e telecomunicações), com um orçamento inicial de quase R$ 9,3 bilhões, a maior parte de dinheiro público.

A  exemplo  do  que  aconteceu  na  Copa  da  África  do  Sul,  nas Olimpíadas de Pequim e no Pan-Americano do Rio, o Governo do Estado  e  a Prefeitura  já  ameaçam  remover milhares  de  famílias pobres de suas moradias para dar lugar a obras de infra-estrutura e de embelezamento urbano, como parte do plano de preparação de Fortaleza  para a Copa de 2014.   Estima-se que pelo menos 20 mil famílias serão  removidas somente em decorrência do alargamento da  Via  Expressa  e  da  implantação  do  Veículo  Leve  sobre  Trilhos (VLT), obras que têm  como  objetivo servir como principal corredor de   transporte   da   Copa,   ligando   a   zona   hoteleira   da   cidade diretamente às portas do Estádio Castelão.

 

Apesar de tamanho impacto social, numa cidade que já possui um déficit habitacional que ultrapassa as 100 mil unidades, nem o Governo do Estado nem a Prefeitura apresentaram qualquer projeto de habitação para as milhares de famílias  que ambos pretendem remover, alegando não haver tempo ou recursos para tanto. Os projetos da Via Expressa e do VLT já estão prontos, os orçamentos já estão definidos e o início das obras está previsto para janeiro de 2011, sem que o “poder público” sequer tenha se dado o trabalho de informar e discutir com os diretamente atingidos, apostando na desinformação e desmobilização das comunidades.

 

A  situação  é  muito  preocupante  visto  o  robusto  histórico  de violação  de  direitos  que  envolvem  processos  de  remoção  de populações pobres em Fortaleza, que vão desde violência física e psicológica  por  parte  de  agentes  do  Estado,  de  empresas  e capangas   armados   e   encapuzados,   despejos   e   demolições forçadas, prisões arbitrárias e irregularidades nos processos de negociação e indenização.

Grito dos Excluídos, 2010

As violações já começaram e uma luta ferrenha e desigual está se anunciando! Por conta disso, as Comunidades do Trilho, que se estendem do viaduto da Antônio Sales até o Mucuripe e a comunidade Aldacir Barbosa, localizada ao lado da Rodoviária na Av. Borges de Melo, são exemplo de comunidades que há alguns meses já estão se mobilizando e se organizando para  resistir às remoções e garantir seu direito à moradia digna e a uma cidade para todos e todas!

Organização Resistência Libertária

 

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