Declaração do II Seminário de Gênero: Mulheres do Gueto que lutam
Nós, integrantes do Movimento Social Fome, por meio do seu Núcleo Feminista Mulheres do Gueto que lutam sem medo, da Organização Resistência Libertária (ORL/CE), da Organização Anarquista Zabelê (OAZ/PI), reunimo-nos no II Seminário de Gênero, em Sobral/CE, para discutir a construção do feminismo nos movimentos sociais autônomos, defendendo uma construção desde baixo.
Nessa oportunidade, renovamos nossa disposição de enfrentamento às formas de violência de gênero: física, sexual, simbólica, psicológica e patrimonial. Alargando nossa compreensão sobre identidade de gênero e diversidade sexual, tratamos das violências sofridas por mulheres transexuais, e travestis.
Tendo em vista nossa atuação social, concentramo-nos em discutir o enfrentamento às violências de gênero na periferia urbana, que atingem, sobretudo, mulheres negras. Essa violência pode ser nos espaços privados, de forma interpessoal, ou nos espaços públicos, por meio do Estado, com a falta de políticas públicas de saúde e de cultura que promovam a igualdade de gênero.
Para compreender o histórico do movimento feminista, aprofundamo-nos no feminismo anarquista, discutindo conceitos do anarquismo e a relação dessa ideologia com as lutas de gênero nos movimentos sociais. Tivemos contato com a vida de mulheres anarquistas, conhecidas pela história como “mais perigosas que mil rebeldes”, dentre elas Louise Michel, Emma Goldman, Margarida Ortega, Mujeres Libres da Espanha, Maria Lacerda de Moura, Espertirina Martins, Sônia Oiticica, Dandara.
No segundo dia, organizamos um espaço misto, discutindo com todo movimento social a desconstrução do machismo nos espaços de militância.
Por fim, afirmamos o compromisso de enraizar o feminismo. Permaneceremos lutando por igualdade de gênero, respeitando as identidades de gênero e a diversidade sexual, criando espaços que contribuam para a emancipação de nós, mulheres, e do nosso povo. Sabemos não seremos completamente livres no sistema capitalista e que a “liberdade não se pede, conquista-se”, portanto, permaneceremos firmes na luta em busca dessa liberdade, de justiça e da igualdade social.
Construir mulheres fortes!
Construir um povo forte!
Construir o poder popular!
Terrenos Novos, 13 de dezembro de 2015