A Organização Resistência Libertária foi fundada em dezembro de 2008 a partir das experiências de lutas de anarquistas em solo cearense desde o final do século passado. Nosso manifesto de criação anunciava a esperança da construção de uma sociedade fundada em outras bases que não as atuais e, desde então, dia após dia nos dedicamos a enraizar essa semente anarquista através da organização política e da construção de movimentos sociais no Ceará.
Os nossos 14 anos de luta representam modestamente a nossa resistência contra toda opressão e domínio do capitalismo e do estado policial de ajuste, construindo desde baixo a resistência de um povo que conhece o rosto da fome e da luta. A Organização Resistência Libertária esteve, durante esses 14 anos, nos bairros e favelas da capital e cidades região norte do Ceará, nos territórios de povos tradicionais do semiárido à zona costeira, nas escolas e universidades precarizadas, nos sindicatos e nas organizações de trabalhadores(as) terceirizados(as) e desempregados(as), no cárcere, nos espaços autoorganizados de mulheres, povo preto e população lgbtqi+.
Completamos 14 anos diante de uma conjuntura avassaladora: o avanço do fascismo brasileiro que aliado ao neoliberalismo levou nosso povo a condições de vidas cada vez mais difíceis, depois de a pandemia ter aprofundado as desigualdades sociais que sempre existiram. Não temos dúvidas que esta etapa de luta ainda não acabou. Um governo de esquerda a nível nacional e estadual alicerçados em alianças de classes e na barganha de nossos direitos a portas fechadas não garantirão ao nosso povo vida digna.
Nos próximos anos o neodesenvolvimentismo do estado extrativista tentará leiloar nossas terras e águas para o grande capital estrangeiro através da mineração de urânio em territórios dos povos e comunidades tradicionais do semiárido e da implantação de eólicas dentro do mar dos povos da zona costeira. O governo eleito no Ceará dá seguimento ao governo anterior e sua política racista de repressão violenta e morte na periferia e no cárcere. A especulação nas cidades continuará expulsando comunidades, aldeamentos e quilombos para ceder espaço aos projetos de grandes imobiliárias. Por isso, reafirmamos nosso compromisso de permanecer em luta nas ruas e nos nossos locais de moradia, estudo e trabalho com independência de classe para construir movimentos fortes.
Nesse momento de celebração reafirmamos nosso compromisso com o anarquismo organizado e especifista construído pela Coordenação Anarquista Brasileira, da qual fazemos parte, e o seu compromisso com o federalismo especifista, em nossa opinião a própria engrenagem de um projeto anarquista para este país que o colonizador chamou de Brasil, atravessado pelas formações sociais, históricas e étnico-raciais dos diversos povos que aqui vivem.
Lutar, criar, poder popular!
Viva a Organização Resistência Libertária!
Viva a Coordenação Anarquista Brasileira!