maio 012023
 

O dia 1° de Maio, dia das trabalhadoras e dos trabalhadores, é um dia histórico de luta não apenas pela melhoria da vida da classe trabalhadora mas do exercício da sua capacidade de transformação e libertação do jugo do Estado e do Capital.

Data que relembra o início das manifestações de maio de 1886 em Chicago que sobre o lema “Oito horas de trabalho, oito horas de lazer, oito horas de descanso” estabeleceu o conflito direto contra a burguesia e seu braço armado de repressão (o Estado) pelo direito dos trabalhadores disporem de suas horas para a vida pessoal, cultura e lazer.

Covardemente atacados e incriminados, os trabalhadores viram a manifestação ser dispersa em 4 de maio com a posterior prisão e assassinato de 8 operários anarquistas, em 1891 ocorre a primeira comemoração pela memória dos companheiros que tombaram na luta e desde então a data se tornou uma tradição no movimento internacional dos trabalhadores.

Reconhecemos a importância do conhecimento da data e sua ligação direta com a luta social ao mesmo tempo que devemos ter atenção às atuais condições de vida das trabalhadoras e trabalhadores sobre um aspecto local, pois nosso povo cearense não é majoritariamente operário mas sim informal e precarizado; desde ambulantes, serventes e pedreiros, coletoras e coletores de material reciclável, prestadoras e prestadores de serviços gerais, entregadoras/es e motoristas de aplicativo, desempregadas/os, e pessoas em situação de rua que pelas implicações do capitalismo e do descaso do governo estão sobre extrema vulnerabilidade.

Nosso povo é diretamente afetado pelo desmonte dos serviços públicos, pelos efeitos da reforma trabalhista e da previdência, pela omissão do estado em tratar do problema da fome, das enchentes e deslizamentos que nos atingem em todo período de chuvas e da escassez de água no decorrer do ano.

Assim como nossa classe trabalhadora também sofre pelas implicações do racismo que se reflete na marginalização da periferia e no acirramento dos conflitos de facções diretamente fomentados pelos instrumentos de repressão do Estado; o patriarcado e as formas de violência de gênero no estado que está entre os 5 maiores no ranking de assassinato de pessoas trans e que já registrou 13 casos de feminicídio apenas nos 4 primeiros meses do ano.

Além de todo esse panorama, os trabalhadores do campo são alvos constantes da instabilidade pela falta de acesso à terra, dos conflitos contra o poder público nas ocupações de fazendas e demais terrenos que são revitalizados pela ação autônoma desses trabalhadores, e que hoje também estão na mira da contaminação atômica ocasionada pelo projeto de extração de urânio na região de Santa Quitéria (com o aval e apoio do governo estadual), que afetará diretamente mais de 150 famílias ao mesmo tempo que atingirá a toda população cearense.

Nesse sentido, viemos trazer a memória de um militante histórico da luta anarquista e sindicalista no Ceará, não objetivando a glorificação de sua figura, mas sim o reconhecimento de suas ações na luta das/os oprimidas/os. Antônio Fernandes (1936 – 2015), ou Antônio Bakunin, natural de Quixeramobim e oriundo do “clã de Antônio Conselheiro”, foi um trabalhador rural influenciado pelo pensamento anarquista que sobreviveu à seca de 1941-1943, à repressão da ditadura militar e atuou fortemente na organização do Sindicato de trabalhadores rurais (1960) e na alfabetização de camponeses pelo método Paulo Freire.

Se refugiando em Salvador, manteve com a colaboração de populares e militantes libertários um centro social e ecológico no bairro Valéria, o ISVA (Instituto Socioambiental de Valéria) onde funcionava a Biblioteca Comunitária Prof José Oiticica, participando ativamente nas campanhas de preservação do Parque São Bartolomeu e da mata nativa que cercava o bairro. Grande conhecedor de permacultura e agroecologia ofereceu palestras sobre o trato com a natureza para a população do bairro e visitantes, além das conferências sobre anarquismo.

A ação social posta em prática por Antônio Fernandes é um exemplo concreto e local de como a classe trabalhadora deve se organizar na luta pelos seus direitos e sua futura libertação do capitalismo e da tutela do Estado.

Voltemos à tradição de luta do 1° de maio e dos que vieram antes de nós, unindo todos os segmentos da classe trabalhadora cearense para revitalizar os serviços públicos, garantir pleno emprego, barrar a Reforma do Ensino Médio, impedir o envenenamento atômico planejado pelo governo estadual, garantir a posse de terra aos trabalhadores do campo ao mesmo tempo que construímos nossos próprios meios de organização, nossos mecanismo de Poder Popular nos locais de moradia e trabalho que nos possibilitem superar em força o poder dominador do Estado e do Capitalismo.

CONSTRUIR UM POVO FORTE!

Organização Resistência Libertária

@resistencialibertaria_

Coordenação Anarquista Brasileira

@cabanarquista

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