O governo do estado do Ceará utiliza os dados da educação pública como seu maior instrumento de propaganda para o grupo que detém o predomínio político local. Aquilo que os dados não mostram são as realidades de cada unidade escolar, com casos de falta de alimentação, superlotação de salas, exploração do trabalho docente e os processos excludentes e violentos empregados sobre o ensino que determinam o bom andamento do projeto político-econômico aplicado sobre a juventude cearense; projeto esse que hoje serve de modelo para a implantação do maior ataque à educação pública assistido nas últimas décadas, o Novo Ensino Médio.
É preciso ter em mente que o Ceará foi tubo de ensaio para a implantação de um modelo que intensifica a instrumentalização do ensino enquanto um mantenedor da máquina de moer corpos do capitalismo. Vemos nossas escolas servindo para direcionar jovens para ocupar os cargos do precariado neoliberal, essa é a parcela da juventude que tem “empreendedorismo” como disciplina nas escolas profissionalizantes, onde sua grade curricular está voltada em formar “empreendedores”; trabalhadoras e trabalhadores sem os direitos trabalhistas conquistados na luta histórica da nossa classe. Para tal limitam nos cronogramas de ensino as Ciências Humanas e Naturais, fornecem habilidades em Português e Matemática suficientes apenas para os testes de nível e provas externas e ameaçam com a marginalidade os sujeitos que não se adequam ao modo de produção escolar.
Assim, assistimos a destruição da educação pública pelos interesses da classe burguesa, algo que se mostra no caso cearense não apenas no nível médio, mas também no fundamental quando lembramos do caso de Sobral em que as escolas da rede municipal são os exemplares diletos da Fundação Lemann, principal articuladora do lobby empresarial que deu origem ao projeto da reforma.
Em defesa da educação pública se faz mais extremamente necessário a organização popular através de professores/as, estudantes, famílias e comunidade. O recuo da reforma não virá do governo Lula pois ele não é um “governo popular” mas sim uma conciliação de classes que atende prioritariamente os interesses do empresariado. É preciso uma ação dos e das de baixo, uma ação popular. Para as classes dominadas a única perspectiva de real atendimento de suas demandas é a mobilização social, é a luta travada na rua e a pressão social. A revogação não é um milagre para a educação pública mas sim um impedimento ao andamento de um projeto excludente contra a periferia e as comunidades do campo à margem do projeto hegemônico burguês.
Convocamos professores/as, estudantes secundaristas, universitários/as e todos/as que trabalham na educação pública para reforçar a luta e a pressão contra a reforma do Ensino Médio que está acontecendo, para que futuramente possamos construir um novo modelo, tornar as unidades de ensino público espaços verdadeiramente democráticos que não obedecem aos interesses mercadológicos, mas sim aos nossos interesses enquanto classe. Fornecer uma formação integral, humana, feminista, antirracista e plural, construída de forma dialógica entre os sujeitos e sujeitas da comunidade escolar. Uma educação que tem como propósito não a adequação ao sistema capitalista-estatista, mas a transformação social que possa construir o verdadeiro Poder Popular.
19 DE ABRIL ÀS 18 HORAS, MOBILIZAÇÃO NO ARCO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA PARA BARRAR A REFORMA DO NOVO ENSINO MÉDIO!
POR UMA EDUCAÇÃO PÚBLICA POPULAR!
CONSTRUIR UM POVO FORTE!
Organização Resistência Libertária
@resistencialibertaria_
Coordenação Anarquista Brasileira
@cabanarquista